O que devo falar em uma análise?

Ilustração de um homem pensativo
Ilustração de um homem pensativo

É simples! (mas não é fácil...)

Diga tudo que lhe vier à mente.

Essa é a regra fundamental do tratamento, criada por Freud a partir da técnica de associação livre.

O que Freud nos diz sobre a Associação Livre? Em seu texto "O Início do Tratamento", publicado em 1913, ele recomenda aos seus pacientes:

"(você) Observará que durante o seu relato lhe ocorrerão pensamentos diversos, que você gostaria de rejeitar, devido a certas objeções críticas. Estará tentado a dizer a si mesmo que isso ou aquilo não vem ao caso, ou é totalmente irrelevante, ou é absurdo, e então não é preciso comunicá-lo. Não ceda jamais a essa crítica, e comunique-o apesar disso, ou melhor, precisamente por isso, porque você sente uma aversão àquilo."

"A razão dessa regra - a única que deve seguir, na verdade - você perceberá e compreenderá depois. Portanto, diga tudo que lhe vier à mente. Comporte-se, por exemplo, como um viajante que está sentado à janela do trem e descreve para seu vizinho, alojado no interior, como se transforma a vista ante seus olhos."

Embora a regra de "dizer tudo que vem à mente" pareça simples, ela exige coragem e entrega do paciente. No entanto, é justamente ao ultrapassar essa barreira, ao romper com as censuras e os filtros do pensamento cotidiano, que o indivíduo começa a se aproximar de sua verdade mais profunda. Ao seguir a orientação de Freud, ao falar o que inicialmente pode parecer irrelevante ou desconexo, o paciente não apenas desbloqueia seu inconsciente, mas também abre espaço para a transformação e o entendimento mais claro de suas angústias e conflitos. A análise, portanto, é um processo de descoberta e autoconhecimento, onde cada palavra dita tem o poder de iluminar partes de nós mesmos que estavam à sombra.